quarta-feira, 11 de abril de 2012

MÉTODOS DE CONFINAMENTO E ENGORDA

(COMO RENDER MAIS PORCOS, GALINHAS, PROFESSORES...)

Porcos, vacas, suponho ainda que galinhas, perus e outros animais de pêlo e penas, confinados (calados), não só engordam mais, como produzem mais leite e carne, botam muitos ovos e fazem menos sujeira (barulho). A questão da sujeira talvez não seja relevante, mas é melhor sujeira num cantinho apenas do que no pasto ou no terreiro todo, assim, estão fazendo com este município, mascarando a realidade e jogando a sujeira para baixo do tapete. Quanto mais confinados, esses animais (no caso nós professores), se mostram muito mais econômicos: menos terra, pasto e comida e mais produção. Coisa de município rico, que municípios pobres e vastos como Cocal do Sul não precisam economizar, pelo menos com bichos e terras.

Já pensaram como se coloca a construção de um presídio? A construção geralmente é circular com as celas fazendo fronteira umas com as outras, todas voltadas para frente para uma torre localizada no centro do presídio, o que torna impossível a privacidade dos prisioneiros e com apenas um guarda vigiando da torre, sendo que os prisioneiros vêem o guarda, mas eles não podem se ver. Trago esse modelo para Cocal. Nesta cidade querem separar nossa classe para que separados, sejamos mais fáceis de vigiar. Não podemos deixar isso acontecer.

Para o poder, é fundamental que os indivíduos possam ser controlados, mas para controlar o indivíduo é necessário humilhá-lo retirando sua individualidade, deixando-o vazio de esperanças e de fantasias.

Voltando aos “métodos de confinamento e engorda...”. Pode ser muito interessante confinar uma vaca num estábulo, a comida à frente do seu pescoço, dosada, medida, para o máximo aproveitamento de leite e carne. Tudo vale, desde que ela se torne mais econômica. Até música clássica se coloca para elas renderem mais leite. As vacas ainda têm Mozart; os professores tem o quê?

O mais engraçado de tudo é que alguém em alguma época plantou a ideia de que professor deve fazer voto da pobreza e abdicar de tudo que o mundo material oferece, não podemos ter uma boa casa, um bom carro, enfim, uma vida confortável. Recebemos a “dolorosa missão de educar” e mudar o mundo, mas temos que voltar de ônibus pra nossas casas e seguir para o segundo emprego de boca calada.

Os mais velhos diziam que Antigamente (há muitos e muitos e muitos anos atrás) os professores eram extremamente respeitados por todos da cidade (como um médico nos tempos de hoje). Gostaria de voltar a esse tempo e viver pelo menos um dia nele e sentir essa sensação.

Nem vacas, nem porcos nem perus, queremos ser tratados como Professores.

Texto escrito por João Fabrício Somariva a partir das ideias de alguns autores.

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